Memória | Rubem Fonseca e Luiz Alfredo Garcia-Roza 23/04/2020 - 14:35
O jornalista Alexandre Gaioto relata seus encontros com o escritor mineiro, morto no dia 15 de abril, e a redação do Cândido relembra a trajetória do autor de livros policiais, morto no dia 16 do mesmo mês
Cara a cara com Rubem Fonseca
Alexandre Gaioto
“Escrever é um exercício diário. Mesmo que seja uma linha, é preciso escrever todo dia.” Essas palavras, pronunciadas numa voz rouca e rasgada, ecoaram na minha cabeça quando soube da morte do mestre Rubem Fonseca. Um calor dos diabos, de repente, tomou conta de tudo. É sempre o calor que vem à tona quando penso em Rubem Fonseca. O calor da sua escrita vigorosa, invejável e original, o calor das risadas altissonantes que soltamos nas calçadas cariocas, o calor cancerígeno dos três encontros em que conversamos sobre escrita, literatura e o mais caliente dos temas: mulheres.
Quando coloquei na cabeça que iria encontrar Rubem Fonseca, em 2009, curioso para saber se ele tinha braços, joelhos, mãos, repeti a mim mesmo que, se fosse necessário, permaneceria até 12 horas na rua em que o autor morava, no Leblon. Mal desci do táxi no bairro afrancesado, ele dobrou a esquina, distraído, a passos lentos, alheio ao mundo, carregando dois litros de leite embalados numa sacola de supermercado.
A cena degolou meu verbo. Limitei-me a estender os livros para uma dedicatória e balbuciei alguma pergunta sobre o que ele andava lendo — Drummond, João Cabral e Ferreira Gullar. Para o gênio da prosa, nada mais prazeroso do que versos. Rubem Fonseca devia estar realmente sedento pelo leite, porque ele retomou a caminhada, depois de agradecer o encontro e fazer um estranho pedido: “Espero que continue lendo meus livros”. Nunca imaginei que Fonseca precisasse dizer isso para alguém. Todo mundo sabe que basta abrir qualquer obra dele para sair devorando tudo o que houver nas bibliotecas, nas livrarias. E depois, num êxtase sem fim, voltar aos poucos a essas mesmas obras, como amantes que se despedem e reatam, sedentos e curiosos, depois de uma longa ausência.
Perseguição no Leblon
Fazia calor, novamente, na manhã seguinte. O Rio eram ondas soporíferas. Tudo o que não estivesse relacionado a Rubem Fonseca soava como um tremendo desperdício de tempo e de vida. E mandei aos diabos a programação de abraço no Drummond de estátua, de foto no Cristinho Redentor de pedra, para retornar àquele ímã vivo de horror, sangue, violência e humor ácido. De volta ao endereço, aguardei menos de 40 minutos até flagrar Rubem Fonseca fechar o portão do prédio, com sacola plástica na mão, boné socado na cabeça, calça jeans e camiseta azuis, e iniciei minha perseguição.
O autor que escreveu contos como “A Arte de Andar Pelas Ruas do Rio de Janeiro” era um homem que, definitivamente, sabia flanar. Não caminhava a passos céleres, afobados, não fugia dos insistentes raios de sol. Era como se o calor não pudesse tocar Rubem Fonseca — ele, sim, a fonte onipotente de irradiação térmica. Aos 83 anos, o autor se movia sem pressa, consciente de como, quando e onde daria o próximo passo — uma velocidade inversamente proporcional à publicação de suas obras, chegando a duas por ano. Na caminhada, o tempo corria diferente para Fonseca: é assim quando se tem a certeza de que, mesmo vivo, já se pertence à eternidade.
Rubem Fonseca não saiu da toca, às 10h, só para devolver dois DVDs numa locadora. Saiu, na verdade, para apreciar uma mostra mais impactante do que os corredores do Louvre, do que as salas do Mauritshuis, do que as portentosas paredes da Uffizi. Os olhos de Rubem Fonseca se deparavam com dezenas de clavículas líricas, com coxas torneadas — claríssimas, escuras e bronzeadas —, ombros altos em perfumes adocicados, cítricos e exóticos, com decotinhos minúsculos ameaçando, a qualquer segundo, ceder e se abrir no balanço dos corpos que surgiam e desapareciam, se aproximando e se afastando das calçadas, no mesmo ritmo viciante e hipnótico das ondas do mar, a uma quadra de distância. Cada mulher do Leblon era devorada por Rubem Fonseca, confortavelmente sentado num banco de madeira, na avenida Ataulfo de Paiva.
Mudo, imperceptível, ignorado: o criador de detetives infalíveis nem desconfiava, naquela manhã, que era alvo de uma espionagem. Enquanto contemplava o desfile de obras-primas na calçada, esticando e contorcendo o pescoço de um lado para o outro, Rubem Fonseca sacou do bolso uma caneta e um pequeno bloco de anotações. Pôs no papel uma sequência de palavras, voltou a dobrar o pescoço por uma morena de blusinha e shortinho brancos, tudo bem apertadinho, e retomou a escrita com um sorriso travesso no rosto.
Interrompi o processo de criação, puxando conversa, e Rubem Fonseca não se incomodou.
“Oi, garoto! É Alexandre, não é!? Senta aí!”, convidou, gente fina, deixando de lado o bloquinho de notas.
Mais relaxado do que no dia anterior, vou perguntando sobre técnicas narrativas, sobre o encontro com Fidel Castro e Gabriel García Márquez, sobre o dia em que Rubem Fonseca, da mesma forma que eu fazia com ele, também encarnou o fã e foi bater à porta da casa de Carmen Miranda. E ele, avesso a entrevistas, respondia a tudo.
“Só fui receber o Prêmio Juan Rulfo porque era o próprio Gabriel García Márquez que estaria lá para a entrega, senão eu não iria. Como eu gosto dele! Você já leu Cem Anos de Solidão?”, questionou.
De Gabo, nossa conversa descambou para a ditadura brasileira. “Nunca tive medo quando os meus livros foram censurados. Eles censuraram o Feliz Ano Novo (1975) por uma babaquice. Então, resolvi escrever O Cobrador (1979), que é muito mais pornográfico e muito mais violento.” A essência do escritor, Rubem Fonseca disse, enquanto avaliava silenciosamente uma ruivinha com calça jeans coladinha, tem de ser a provocação:
“O escritor tem de escrever o que ninguém quer ler. Para escrever o que todos querem ler, existem os jornalistas. O meu editor me disse, ao receber o Secreções, Excreções e Desatinos (2001), que ninguém ia gostar do meu texto. Disse a ele que, se eu quisesse escrever sobre gosma, merda e sexo, iria escrever”, lembrou, entortando o pescoço para contemplar duas moças, uma loira e uma morena, que cruzaram a nossa frente com mínimos vestidinhos floridos.
“Das duas, Alexandre, quem você comeria: a loira ou a morena?”, questionou, sem desviar os olhos da dupla.
Respondi, pensativo, que talvez escolhesse a loira. “E você?”, indaguei.
Ele estendeu um sorriso e disparou:
“Eu comeria as duas!”
Conselhos de mestre
Gargalhamos na avenida, feito bons amigos que se conhecem desde a infância. Saquei do bolso uns continhos que trazia comigo e pedi que ele desse uma lida, depois, com calma. Generoso, Rubem fez questão de ler ali mesmo as quatro narrativas. Fez elogios e críticas, apontando, numa das histórias, que eu não deveria incluir determinados termos nas falas de alguns personagens. “O seu texto está todo escrito na norma culta, pode tirar essas gírias aqui. O seu texto não precisa disso”, opinou, riscando palavras com uma caneta.
Ele retomou a leitura e riu de uma das histórias — era o efeito que eu desejava. Disse ter gostado da forma e da construção do final, encorajando-me: “Você não vai ser jornalista. Você vai ser escritor, porra!”.
Rubem me dizia que os romances vendem mais do que contos, e que A Grande Arte (1983) e Agosto (1990) ultrapassaram a marca de dois milhões de exemplares, garantindo uma baita grana de direitos autorais, quando uma senhorinha de sessenta e poucos anos se aproximou, toda serelepe.
Voyeur seduzido
“Ai, meu Deus! Rubem Fonseca, o que você está fazendo aqui?!”
Bermudão jeans, blusinha brancona, cabelão na altura dos ombros.
“Estou conversando com esse jovem. Ele veio do Paraná só para me conhecer. Diz que quer ser escritor.”
Rubem deu um sorriso e dois tapinhas no meu ombro.
“E ele veio encontrar a pessoa certa! Você é um mestre, Rubem”, ela disse, apalpando, com intensidade, os cabelos castanhos.
Depois de devorar tantas mulheres, Rubem, agora, era o devorado.
“Só o amor causa isso. É o amor pela literatura”, ela disse, fuzilando Rubem, com promessas picantes nos olhinhos esbugalhados.
“Você tem toda razão”, ele concordou.
“Sou ótima na cozinha”, garantiu, lambendo, de levinho, os lábios rachados pelo tempo. “Por que você não vem jantar hoje comigo? Sempre quis cozinhar para você.”
“Quem sabe um dia?”, esquivou-se, segurando a mão da senhorinha, que saiu de cena flutuando pelo Rio.
Curioso, perguntei se ele não toparia regalar-se no apartamento da doce senhora. Rindo, Rubem abriu o jogo.
“Ela é muito velha para mim. Além do mais, essa aqui é minha namorada. Ela é alemã e traduz meus livros”, disse, sacando da carteira uma foto 3x4 de uma loira deslumbrante, que parecia ter saído das pinturas holandesas do século XVII.
Não havia barreira entre amor e literatura, sexo e escrita, no nosso bacanal temático.
“O amor é a coisa mais importante na vida, Alexandre. Mas só o amor não basta. É preciso que haja uma forte atração carnal entre as duas pessoas”, aconselhou, encaixando e desencaixando os dedos enrugados das mãos, firmemente, uns nos outros.
Papel, caneta, rotina
“Antes de você chegar, eu fazia anotações para um conto”, comentou. “Nunca saia de casa sem caneta e papel”, aconselhou, exibindo o material de trabalho.
“Outra coisa: se você resolver escrever romances, tem que manter uma rotina. Senão, não dá certo.”
Ele pronunciou, em seguida, as frases que iniciam este texto e que, neste exato momento, reboam na minha cabeça como um hino sagrado, uma declaração de amor à profissão e ao rigor do processo de criação. Naquela tarde de risos e críticas estéticas — de livros e mulheres —, Rubem deu uma boa debochada: “Não saia dizendo para as pessoas que eu sou um velho tarado...”, congelou o sorriso danado e emendou, gargalhando: “Porque eu sou um velho tarado!”. Depois, ele me mandou voltar para casa e começar a escrever, deixando-o sozinho, rabiscando palavras no banco do Leblon.
Recepção no apartamento
Cinco anos depois, de férias no Rio ao lado de minha bela namorada, resolvemos interfonar para Rubem e convidá-lo para tomar um chope no Jobi. Nunca entendi direito o que se passou, se o erro foi do porteiro do prédio ou da governanta do Rubem, porque entramos no hall e o porteiro, após interfonar, pediu que subíssemos pelo elevador no final do corredor e, em poucos segundos, lá estávamos diante de uma simpática senhora a lamentar que houve algum mal-entendido e que, infelizmente, Rubem não estava naquele momento, mas que deixássemos um telefone para contato e que, talvez, ele ligaria para a gente.
Rabisquei o número de meu celular, por desencargo de consciência, e seguimos para a praia, estranhamente congelante naqueles dias, mesmo assolada sob o sol de 40 e poucos graus. Tínhamos acabado de rachar uma garrafa de Mojito e eu já tinha simulado dois ou três trotes, sacaneando minha namorada e fingindo que era o próprio Rubem a me telefonar, quando um número desconhecido, com DDD do Rio, me ligou.
“Alô, é o Alexandre?”, perguntou a voz rouca e rasgada. “Estou muito ocupado hoje, mas se você passar aqui agora, eu posso te receber. Consegue vir já?”
Minha namorada exibiu um semblante apavorado ao me ver gaguejar e recolher guarda-sol e lixo e cadeiras de praia e estapear o próprio corpo para me livrar da areia, até recuperar o fôlego para seguir rumo ao prédio. Ríamos. Corríamos. Cruzamos quiosques. Rapazes. Velhas. Cachorros. Moças. Motocicletas. Ônibus. Ciclistas. E agradeci ao calor infernal — se estivéssemos num temporal, ensopados, ainda teríamos coragem de subir ao apartamento de Rubem? Desde quando Rubem recebia leitores em sua residência?
Minha namorada tinha o rosto vermelho tingido de nervosismo e cansaço pós-correria. Diante de nós, todo sorridente, Rubem, apoiado numa bengala, abriu a porta e convidou: “Vamos entrando, vamos entrando”.
Paraíso literário
O apartamento de Rubem era uma espécie de paraíso. Uma sala ampla, com sofás impecavelmente brancos e, na grande parede dos fundos, estantes escuras do chão ao teto cobrindo os tijolos de literatura.
Ele caminhou, com dificuldades, até o sofá. “Só consigo andar com isso aqui”, disse, levantando a bengala. Tinha uma graça naquilo: aos 88 anos, Rubem ainda levantava a bengala. E todos rimos porque a piada não precisou ser dita. Quando leitores conhecem a fundo seus autores, certos diálogos não precisam ser redigidos com todos os detalhes.
Sempre imaginei que a casa de Rubem fosse um caos, com textos e livros espalhados pelos cômodos, com as histórias preenchendo cada canto. Era exatamente o contrário: um apartamento organizado de um escritor metódico. A organização textual durante o processo de escrita, porém, era algo bem diferente.
“Quando você começa a escrever sempre sabe como irá terminar a história?”, perguntei, observando os livros em ordem na biblioteca.
“Não, nunca sei como vou terminar. As histórias mudam durante a escrita”, revelou.
Pedi a Rubem uma dedicatória conjugal no recém-lançado Amálgama (2014), que é um grande livro porque não é uma obra perfeita. É tecnicamente inferior a A Coleira do Cão (1965) e Lúcia McCartney (1969) — para citar apenas dois dos clássicos dele. A imperfeição lembra as esculturas inacabadas de Michelangelo, e era isso o que eu e minha namorada conversávamos na areia do Leblon. Rubem era genial até quando não atingia a excelência, porque justamente aí dava uma das lições mais valiosas que poderia oferecer, depois de demonstrar tantas técnicas em contos e romances antológicos: a grande arte, ensina o mestre, é feita de tentativas que podem e vão falhar. E ele, em determinados momentos, perdia a mão sem enfrentar crises neuróticas, sem nos privar de novas histórias, publicando um livro atrás do outro, consciente de que é preciso escorregar para chegar à perfeição, estado que ele atingiu, heroicamente, em diversas obras de sua trajetória.
Compaixão de criador
Há um conto fabuloso que abre o Amálgama, “O Filho”, e minha namorada revelou a Rubem o quanto gostou do brutalismo e da dose de humor. Com sua melhor pegada, Rubem escreveu sobre um bebê que nasce sem um braço, aleijado, e é rejeitado.
“Que dó do bebê, que dó. Coitadinho dele”, observou Rubem.
Nunca desconfiei que o autor daquelas malditas personagens tivesse pena de sua própria criação. “Mas você tem mais de 18 anos, né?”, perguntou Rubem à minha namorada. “Este livro é só para maiores de idade”, avisou, irônico, entregando a obra autografada.
Naquela tarde, ele se dedicava aos contos que seriam reunidos em Histórias Curtas (2015). E reclamou da falta de tempo para se dedicar, ainda mais, à escrita. “O meu dia está uma correria. Acabei de voltar de um encontro com meu filho, à noite vou jantar com a minha filha e ainda tenho que encontrar uns documentos e enviá-los para meu advogado. Ela já está me cobrando. Não sobra tempo para escrever”, lamentou.
Rubem pediu que, na próxima visita, avisássemos com antecedência para termos tempo de colocar o papo em dia. Fomos caminhando, devagar, até a porta, entre conselhos solares e despedidas descontraídas.
“Se vocês forem à praia, tomem cuidado. Vão pela manhã, não fiquem lá à tarde. Olha a pele da sua namorada, Alexandre, é tão branquinha. Esse sol é perigoso. Cuide bem dela, viu? Porque ela é muito bonita, e você, muito feio.”
Ainda consigo ouvir a risada do Rubem.
Com o rosto vermelho e inchado, encaro meu aparelho celular e sinto que, qualquer dia desses, a voz rouca e rasgada vai me ligar novamente, dizendo: “Alô, é o Alexandre? Consegue vir já?”. Não deve ser tão prazeroso contemplar as Valquírias, desfilando na eternidade, sem algum companheiro de gargalhadas sacanas.
ALEXANDRE GAIOTO é jornalista. Colaborou com a revista Cult e os cadernos culturais dos jornais Correio Braziliense, Jornal do Brasil, Zero Hora, Gazeta do Povo, O Estado do Paraná, Folha de Londrina e Diário de Maringá.
Da redação
O escritor Luiz Alfredo Garcia-Roza morreu no dia 16 de abril de 2020, no Hospital Samaritano do Rio de Janeiro, aos 84 anos de idade. Autor de 12 romances, o carioca cravou seu nome na história da literatura policial brasileira com a criação do detetive Espinosa, em 1996, quando publicou O Silêncio da Chuva — que está sendo adaptado para o cinema pelo diretor Daniel Filho, com Lázaro Ramos no papel principal.
Formado em Filosofia e Psicologia, Garcia-Roza nasceu em 1936 e foi professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Lançou oito obras teóricas antes de se enveredar pela ficção, aos 60 anos de idade. Após seu livro de estreia, vencedor do Prêmio Jabuti, escreveu regularmente por mais de duas décadas. E só abriu mão de seu personagem principal, cujo nome é uma homenagem ao filósofo holandês Baruch de Spinoza (1632-1677), em apenas uma história, Berenice Procura (2005) — levada aos cinemas pelo diretor Allan Fiterman em 2018.
Em 2011, no penúltimo encontro do projeto Um Escritor na Biblioteca daquele ano, o romancista conversou com o jornalista Christian Schwartz sobre seus primeiros passos “anárquicos” como leitor, os diferentes tipos de literatura policial, seus autores de cabeceira — Faulkner, Dostoiévski, Melville, Patricia Highsmith, Poe, Philip Roth — e refletiu sobre o ofício de escritor. “O autor de ficção é o ser mais desamparado que existe”, disse na ocasião do bate-papo, realizado no auditório da Biblioteca Pública do Paraná.
Essa carreira literária tão produtiva quanto sua vida acadêmica se deve ao senso de urgência do autor. Ao estrear tardiamente, ele se perguntava quanto tempo de vida inteligente teria pela frente e considerava que, naquela idade, não poderia se arriscar tanto quanto alguém que começa escrever aos 20 anos. Apesar das dúvidas, trabalhou com consistência e se tornou notório por reconstruir as ruas de Copacabana com riqueza de detalhes em títulos como Achados e Perdidos (1998), Fantasma (2012), Vento Sudoeste (2018) e A Última Mulher (2019), sua última publicação.